agosto 18, 2005

A Região Submersa. Agora a negro.














Foi em Portugal que Tabajara Ruas (então no exílio) publicou A Região Submersa pela primeira vez. Agora, a Record incluiu o livro na sua série Negra. Fantástica aventura de Cid Espigão, o detective de Porto Alegre. O livro também está publicado em Portugal pela Ambar,

Tabajara Ruas (1942), gaúcho de Uruguaiana, é escritor, tradutor e autor de guiões para televisão e cinema. Entre 1971 e 1981, Tabajara viveu exilado e morou em diversos países: Chile, Argentina, Dinamarca e Portugal. Actualmente trabalha como publicitário entre Porto Alegre e Florianópolis. Entre os seus livros estão Netto Perde a Sua Alma (Record no Brasil e Ambar em Portugal), O Fascínio (Record no Brasil e Ambar em Portugal), Perseguição e Cerco a Juvêncio Gutierrez (Record no Brasil e Ambar em Portugal), O Amor de Pedro por João (Record), As Armas e os Varões Assinalados (LPM).

Os artistas da bola. Domingos da Guia.























O fantástico Domingos da Guia biografado por Aidan Hamilton, no livro Divino Mestre (edição da Gryphus). Hamilton, que é jornalista da BBC, já tinha publicado o livro Um Jogo Inteiramente Diferente.

[DOMINGOS DA GUIA Começou jogando no Bangú em 1929. Depois se transferiu para o Nacional de Montevidéu onde conquistou o titulo de campeão uruguaio de 1933. Voltou ao Brasil para jogar no Vasco e foi campeão carioca em 1934. Saiu novamente para vestir a camisa do Boca Junior e outra vez foi campeão argentino de 1935. A próxima camisa foi a do Flamengo. No clube da Gávea foi campeão carioca nos anos de 1939. 1942 e 1943. Já veterano defendeu o Corinthians Paulista e encerrou sua carreira onde começou, no Bangú. Jogava de cabeça erguida, tinha uma perfeita noção de colocação e se destacava pela antecipação nas jogadas. Por seu futebol quase perfeito, tinha o apelido de Divino.

Vestiu a camisa da seleção brasileira em trinta partidas. Disputou vários campeonatos sul-americanos mas nunca foi campeão. Participou da Copa do Mundo de 1938 e ficou em terceiro lugar. Seguindo os passos e a tradição do pai, Ademir da Guia foi um dos mais clássicos e elegantes jogadores do nosso futebol. Domingos da Guia nasceu no dia 19 de novembro de 1912 no Rio de Janeiro, e morreu no dia 18 de maio de 2000.]
Ver mais aqui.

Milton Hatoum. Regresso a Manaus.














Novo livro de Milton Hatoum, Cinzas do Norte (edição Companhia das Letras). O regresso a Manaus entre 1950 e 1960.

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Na Manaus dos anos 1950 e 1960, dois meninos travam uma amizade que atravessará toda a vida. De um lado, Olavo, de apelido Lavo, o narrador, menino órfão, criado por dois tios mal-e-mal remediados, que cresce à sombra da família Mattoso; de outro, Raimundo Mattoso, ou Mundo, filho de Alícia, mãe jovem e mercurial, e do aristocrático Trajano.
No centro das ambições de Trajano está a Vila Amazônia, palacete junto a Parintins, sede de uma plantação de juta e pesadelo máximo de Mundo. A fim de realizar suas inclinações artísticas, ou quem sabe para investigar suas angústias mais profundas, o jovem engalfinha-se numa luta contra o pai, a província, a moral dominante e, para culminar, os militares que tomam o poder em 1964 e dão início à vertiginosa destruição de Manaus. Nessa luta que se transforma em fuga rebelde, o rapaz amplia o universo romanesco, que alcança a Berlim e a Londres irrequietas da década de 1970, de onde manda sinais de vida para o amigo Lavo, agora advogado, mas ainda preso à cidade natal.]

Milton Hatoum é autor de Dois Irmãos e de Relatos de um Certo Oriente, ambos publicados pela Companhia das Letras, no Brasil, e pela Livros Cotovia em Portugal. Mais informações sobre Milton aqui.

Prémio Portugal Telecom

O Diário de Notícias de hoje publica uma lista de livros candidatos ao Prémio Portugal Telecom. Trata-se, na verdade, de um conjunto de livros que podem vir a figurar na shortlist final, habitualmente com dez títulos.

agosto 08, 2005

Lista para o Jabuti

1º - Vozes no Deserto
Nelida Pinon - Editora Record

2º - Lorde
João Gilberto Noll - W11 Editores

3º - O Opositor
Luis Fernando Veríssimo - Objetiva Ltda

4º - Maré Nostrum
Salim Miguel - Editora Record

5º - O Vestido
Carlos Herculano Lopes - Geração de Comunicação Integrada Comercial Ltda

6º - Guerra em Surdina
Boris Schnaiderman - Cosac e Naify Edições Ltda

7º - O País dos Ponteiros Desencontrados
Flávio Moreira da Costa - Agir Editora Ltda

8º - Santo Reis da Luz Divina
Marco Aurélio Cremasco - Editora Record

9º - Francisco Félix de Souza
Alberto da Costa Silva - Nova Fronteira

10º - O Fotógrafo
Cristóvão Tezza - Editora Rocco

agosto 05, 2005

agosto 01, 2005

Verissimo a pedido.

Leitores do Gávea querem um cheirinho do livro de Verissimo citado aí mais em baixo. O começo:

«Me chame de Ismael e eu não atenderei. Meu nome é Estevão. Como todos os homens, soi oitenta por cento água salgada, mas já desisti de puxar destas profundezas qualquer grande besta simbólica. Como a própria baleia, vivo de pequenos peixes de superfície, que pouco significam mas alimentam. Você talvez tenha visto alguns dos meus livros nas bancas. São aqueles livros mal impressos em papel de jornal, com capas coloridas em que uma mulher com grandes peitos de fora está sempre prestes a sofrer uma desgraça. Escrevo um livro por mês, com vários pseudônimos americanos, embora meu herói -- não sei se você notou -- sempre se chame Conrad. Conrad James. Herman Conrad. Um ex-marinheiro de poucas palavras. Um peixe pequeno, mas mais de uma cidade foi salva da catástrofe pela sua ação decisiva entre as páginas 90 e 95. Tenho uma fórmula: a grande trepada por volta da página 40, o encontro final com o vilão, e o desenlace a partir da página 90. Sobrevivo. Nunca mais vi o mar. Pensando bem, não saí mais de casa desde o meu acidente. Perdi o pé. Não quero falar disso. Tem uma mulher, Maria, claro, que vem cozinhar para mim e sempre chega com notícias da decomposição da sua família. "Minha mãe tá com a urina preta", justo quando eu estou tomando café. Tem uma moça que vem duas vezes por semana fazer a faxina mas sempre acaba na minha cama. Há dois anos que ela vem, Lília, Lília e ainda não espanou um livro. É assim que eu vivo. Exile and cunnilingus. Mas não era isso que eu queria contar.»

O Jardim do Diabo, recordo, foi o primeiro romance de L.F. Verissimo, publicado em 1988, e esta edição da Objetiva apresenta o texto revisto pelo próprio.

Rubem revisto. E acrescentado.












Crítica & recensão do Ubiratan Brasil (O Estado de S. Paulo) ao livro de Rubem Fonseca, aqui.

Mais um extracto do livro (publicado pelo Leões de Tolstoi):

«Quando cheguei na Vara Criminal, dona Neide estava sentada num banco na antesala do juiz.
Dona Neide, a senhora se lembra do que combinamos, não lembra? O seu Rosalvo cruzou a rua subitamente...
O nome dele era Raimundo, disse ela, me interrompendo.
O seu Raimundo, continuei, atravessou a rua fora da faixa e surpreendeu a senhora, que usou os freios mas mesmo assim não conseguiu evitar o atropelamento. É isso que a senhora vai dizer ao juiz, está bem? Pouco depois, fomos chamados à presença do juiz. (...) Muito bem, dona Neide, disse o juiz, quero ouvir um relato sucinto dos fatos. Como foi que ocorreu o atropelamento? A senhora já prestou um depoimento na polícia e eu gostaria que a senhora falasse novamente sobre essa ocorrência. (...) A coisa aconteceu assim, seu juiz. Eu estava distraída falando no meu celular, com umavizinha minha que fezoperação da vesícula, uma operação complicada porque ela teve uma crise, cólicas fortíssimas, e foi internada.
Dona Neide, atenha-se aos fatos, alertou o juiz, a senhora estava dirigindo distraída, falando no seu telefone celular e...? O seu Raimundo, coitadinho, apareceu na minha frente, e eu o atropelei, disse dona Neide (...) Abri a boca para falar, mas o juiz fez um gesto com a mão aberta, como dizendo que se eu falasse alguma coisa ele ia me expulsar da sala.
Dona Neide, disse o juiz, na polícia as suas declarações foram diferentes.
Eu fiz o que o doutor Mandrake mandou naquela ocasião, disse dona Neide, mas hoje ele disse para eu falar a verdade, foi um alívio para mim.»