outubro 06, 2004

Blogs e sebos


Quantas vezes não passamos à porta dos sebos (alfarrabistas) e vemos essas colecções passadas pela poeira, pela humidade, pelo tempo? A mim, apetece-me levá-las para casa, folhear alguns dos livros, oferecer outros. No Alexandrinas há uma dessas evocações:
«Hoje passei num sebo aqui perto de casa e encontrei muitos volumes daquela coleção, publicada provavelmente lá pelos anos 70, dos ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura.
Você já deve ter visto; pelo menos aqui em São Paulo qualquer sebo tem. A capa às vezes é acobreada, às vezes branca, dependendo da edição. Um volume para cada ganhador do prêmio, um ou dois livros por volume. Bonitinha, gravações douradas na lombada, capa macia. Aquilo que se costumava chamar de "edição luxuosa" numa época em que isso não era tão comum.
A julgar pelas pencas de volumes disponíveis nos sebos de hoje, eles devem ter sido muito vendidos em seu tempo. Mesmo caros como suponho que eram.
Impossível não sorrir imaginando o público-alvo da série. Armandinho, o pequeno-burguês brasileiro de todas as épocas, que quer ter cultura e se familiarizar com a alta literatura de seu tempo. Não que ele próprio tenha muita consciência desse desejo, mas os publicitários e editores têm, e volta e meia atingem em cheio o coração de Armandinho com alguma nova surpresa.»

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