outubro 23, 2004

Acordo Ortográfico

Brasil espera que Portugal e Cabo Verde ratifiquem acordo ortográfico da língua portuguesa.
«São 21 as bases de mudanças na ortografia da língua portuguesa. Com a reforma, o trema deixará de existir, a não ser em nomes próprios e seus derivados. O alfabeto passará a ter 26 letras, pois incluirá k, y e w. O h inicial e final das palavras também sofrerá alteração e permanecerão com ele apenas as palavras indicadas pela etimologia, por exemplo: homem, que vem do latim, homini.
Segundo nota divulgada pelo Itamaraty, "estima-se que a entrada em vigor do Acordo Ortográfico poderá evitar o grande custo de produção de diferentes versões de dicionários e livros em geral. Será também mais fácil estabelecer critérios unificados para todos os países de língua portuguesa, com relação a exames e certificações comuns de proficiência de português para estrangeiros".»

22 comentários:

Anónimo disse...

Fiquei confuso. Então não foi o Brasil que não ratificou o Acordo de 1990, o último, como antes desse também não ratificou o de 1945 ?

Augustus

Anónimo disse...

Dando atenção à notícia, verifica-se que ela contém vários dislates que ou são oriundos do Governo brasileiro ou foram introduzidos pelos jornalistas que a divulgaram.

Em qualquer das circuntâncias, a impressão que resulta no leitor informado é francamente desanimadora.

Começo a dar razão ao Olavo de Carvalho e à sua persistente cruzada contra o obscurantismo moderno, no Brasil e no Mundo, mas, sobretudo, no Brasil.

Por prevenção, deveremos nós, portugueses, também ficar preocupados, dado o acelerado abrasileiramento cultural e social que tem vingado entre nós, nas duas últimas décadas, notório no descuido da norma linguística e na degradação da coesão social, com as assimetrias crescentes, típicas das sociedades latino-americanas, cada vez mais distantes dos modelos de bem-estar europeus, que nos seduziram na adesão à CEE, em 1986.

António Viriato_24-10-2004

Anónimo disse...

Ó, António...vejo que asneiras não são privilégios da autoridade brasileira citada por ti...pois, se as tuas declarações acima não são das mais inteligentes, no mínimo, estão carregadas de hipocrisia...
"...cada vez mais distantes dos modelos de bem-estar europeus, que nos seduziram na adesão à CEE, em 1986..."
quer dizer então que os portugueses não viram na CEE uma forma de, finalmente, recorrer a um assistencialismo financeiro e paternalista, como de fato ocorreu, quando os contribuintes de impostos alemães, franceses e italianos financiaram a redução da pobreza e do atraso tecnológico em Portugal, na Grécia e nos outros quintais da Europa????????
nada de errado com isso, aliás, nós, brasileiros, fariamos a mesma coisa se tivéssemos essa oportunidade, mas daí a dizer que os portugueses foram atraídos à CEE apenas pelo nobre principio de um modelo mais igualitário de bem-estar...yeah, right!!!
em relação ao acordo ortográfico e ao teu descontentamento quanto "ao acelerado abrasleiramento cultural e social que tem vingado entre nós, nas últimas duas décadas, notório no descuido da norma linguística e na degradação da coesão social", só tenho a dizer que isso é de um nacionalismo míope terrível...
de fato, o ônus da reforma ortográfica recai mais sobre o português falado em Portugal do que no Brasil, mas o acordo apenas fortalecerá a língua que os portugueses criaram, mas parecem relapsos em prevervá-la nos países lusófonos, especialmente da África. Tenho certeza de que não feriria as susceptibilidades de nenhum brasileiro se o acordo nos impusesse alterações em maior número do que em Portugal.
e quanto ao abrasileiramento na sociedade portuguesa a que referes, o acordo é para a unificação ortográfica simplesmente, e não uma unificação linguística e cultural.
fabio alves

Anónimo disse...

Fico deveras espantado com a falta de capacidade de encaixe dos nossos irmãos brasileiros. Mal um português emite uma opinião menos elogiosa, ficam logo irados e perdem a compostura.

Que se passa, afinal ? Não aguentam um debate cordato, civilizado ?

Os dislates do Itamaraty não fui eu que os inventei, estavam aqui reproduzidos no Gávea e certamente não com o propósito de injuriar o Brasil, mas apenas, naturalmente, de assinalar os erros.

O resto são apenas comentários livres, de um cidadão livre, que não pretende ofender ninguém e obviamente desejaria também não ser ofendido.

Será exigir muito ?

Anónimo disse...

Ó, irmão português,
li estupefato a tua resposta, pois não era minha intenção ofender-te quando respondi ao teu comentário apenas "menos elogioso" em relação ao Brasil, país cheio de incivilizados!!!!
fui apenas direto e sincero em chamar de asneiras o que li, pois dizer que o acordo ortográfico acelerará mais ainda o "abrasileiramento cultural e social" de portugal é, no mínimo, falta de conhecimento.
unificar a escrita, por exemplo, não vai eliminar as diferenças semânticas nem fará com que o português adote a próclise como única colocação pronominal, que é a preferência marcante do falar brasileiro.
no trecho da nota oficial do Itamaraty reproduzido acima entre aspas, também não vi dislate algum.
Obviamente, és livre para criticar e deves fazê-lo sempre -- inclusive, a este meu comentário.
Minha outra crítica aos teus comentários foi o que considerei hipócrita -- faltou-me, na realidade, uma palavra mais dissimulada para fazer a mesma crítica -- a tua afirmação quanto às "nobres intenções" de Portugal ao aderir à comunidade européia. Mantenho o que disse: pobre e atrasado, Portugal viu na CEE um parente rico disposto a melhorar a situação do agregado para não fazer feio à família. É meio simplista, mas parece-me a verdade crua.
ah, também não assisto às novelas da TV Globo...até compreendo o porquê de os portugueses cultos praguejarem tanto pelo consumo demasiado das novelas globais em portugal. Mas sabes que a TV Globo já produziu Os Maias e O Primo Basílio, entre outras preciosidades da literatura portuguesa? É...caro irmão português...

Anónimo disse...

Vou procurar ser paciente e benigno na minha última réplica a este irmão brasileiro, para dizer dele, urbi et orbi, o seguinte :

1- Faz juízos de valor sobre traços de carácter de alguém que ele desconhece.
2- Cita e atribui-me coisas que eu não disse em nenhuma das minhas intervenções.
3- Presume que tem piada no que escreve, quando na verdade nunca fará rir ninguém.
4- Faz classificações sobre Portugal que revelam o conceito em que ele tem o nosso país.
5- Desconhece que quem está em falta no caso do último Acordo Ortográfico não é Portugal que o assinou e ratificou oficialmente no Parlamemnto, ao contrário do Brasil que nunca o ratificou, apesar de a sua comissão técnica o ter assinado. Nisto, repete o procedimento tomado com o Acordo de 1945.
6- Não consegue ver erros na comunicação do Itamaraty reproduzida pelo Gávea.

E, mais não digo, nem lhe chamo ( a este irmão ) nomes, nem a ele, nem ao Brasil, país que estimo, mesmo quando critico algum comportamento dos seus filhos menos ajuizados.

Anónimo disse...

sobre este assunto, faço aqui meu último comentário.
1 - António: lê o teu primeiro comentário e dize quem realmente faz juizo de valor e generalizações. Tua avaliação sobre o Brasil e os brasileiros no primeiro comentário é preconceituosa. Chegaste ao ponto de declarar estar preocupando com o acelerado abrasileiramento cultural e social em Portugal. Isso beira a xenofobia e racismo. Talvez meu conceito de xenofobia e racismo esteja errado. Talvez tenha te entedido errado, mas essa foi a imprensão que ficou dos teus comentários;
2 - Nunca afirmei que Portugal está em falta com o acordo. Disse apenas que unificação da escrita não representa unificação linguística ou cultural. Aliás, se o Itamaraty divulgou uma nota incorreta sobre quem está em falta com o acordo, não seria óbvio que o governo português corrigisse tal dislate? Não vi nenhum reparo oficial à nota pelo governo português. Esse fato diz tudo.
3 - Peço desculpas se ofendi aos portugueses com meus comentários sobre a adesão de Portugal à União Européia. Adoro Portugal, país que já visitei e adorei. Acho os portugueses em geral muito amáveis, gentis, inteligentes e empreendedores. Graças a minha avó, tenho um carinho grande por Portugal e muito orgulho de falar português.

Isa disse...

Porquê? Para quê?

Existe por acaso um acordo ortográfico entre Espanha e os países da América Latina, do Sul, de língua espanhola, pergunto eu.

Então porque se há-de misturar as coisas. Falamos a mesma língua mas somos países diferentes. E realidades mais diferentes ainda

Evoluímos de forma diversa, paciência! Deixai-nos com as nossas diferenças. Fazem parte de uma identidade!

Anónimo disse...

"O resto são apenas comentários livres, de um cidadão livre, que não pretende ofender ninguém e obviamente desejaria também não ser ofendido."

Mas que grande babaca. Primeiro escreve "abrasileiramento" como sinônimo de "decadência" e depois vem se fazer de vítima.

Anónimo disse...

"Não agüentam um debate cordato, civilizado?" Agüentamos, sim, rapaz. O que não agüentamos é o vício gagá, típico de ex-imperialistas de quintal, de não se enxergar. Querem um acordo ortográfico? Rezem por ele. Língua portuguesa é, em primeiro lugar, a que se fala no Brasil. Em segundo lugar também. E em terceiro. A quarta posição vocês disputem aí. E por favor não me torrem mais a paciência com essa mania de chamar vitalidade lingüística de "erro", saúde de "corrupção". Que tal estudar mais?
Noel

Anónimo disse...

Vê-se pelo nível dos comentários destes internautas brasileiros que não são nossos interlocutores qualificados. Mas não desanimemos, porque os brasileiros são 160 milhões.

Anónimo disse...

Pessoal, releiam a lengalenga do tal Antonio e reparem: o cara é um discípulo do Olavo de Carvalho! Precisa dizer mais alguma coisa?

Anónimo disse...

Confesso que não entendo/percebo se a hora atual/actual é propicia a que se assine acordo ortográfico da língua portuguesa. Explico-me. Português é essencialmente uma língua européia e seus utentes d'além mar, obviamente, não são europeus. Os portugueses atualmente se voltam cada vez mais para o seu continente. Os brasileiros, por sua vez, estão cada vez mais inseguros de sua conexão européia, ensaindo passos que antes de mais nada traem uma certa indefinição cultural. Que identificação com Portugal poderá ter a cada vez mais vocal comunidade brasileira de afro-descendentes, por exemplo? Há uma imensa classe média, talvez uns 20 milhões de brasileiros, que certamente reconhecem Portugal como o foco civilizador do antigo país tupi-guarani. E uns dez milhões de outros brasileiros, de origem italiana, alemã, judaica, japonesa, um tanto ou quanto indiferentes à língua portuguesa. E os restantes 150 milhões, quando alfabetizados, provavelmente não teriam opinião formada sobre o tema em questão. Portanto, não me parece que seja a hora para se tratar do assunto. Pensando bem, passou a hora!

Anónimo disse...

Sou só eu, ou mais alguém aí está boquiaberto com o neo-salazarismo (versão Euro, 2.0, 16 válvulas) do pensamento de nossos "irmãos"? Ó portugueses não-ridículos, não-racistas, não-deslumbrados com esse (tardio) atracar da velha Jangada de Pedra no continente - manifestem-se agora ou se calem para sempre! Vocês existem, pois não?
Noel

Anónimo disse...

A cada comentário brasileiro se percebe que não têm interesse em debater ideias, preferindo a via do remoque e até do insulto. Podemos lamentar, mas pouco mais poderemos fazer. Falta-lhes em educação o que lhes sobra em soltura verbal. Não admira, no entanto, porque para discutir ideias é necessário ter argumentos, ao passo que apara insultar, basta «vociferar» impropérios, para utilizar termos genuinamente portugueses,do gosto do nosso ilustre Camilo ou do do fino brasileiro Machado, dois exímios cultores do nosso digno idioma. Continuemos, por isso, com paciência; ainda falta ouvir muitos mais irmãos brasileiros... Nunca devemos perder a esperança de encontrar bons interlocutores e não deveremos também responsabilizar o Brasil por tal facto, porque estes seus filhos já serão maiores e vacinados.Oremos, pois...

Augustus

Anónimo disse...

Parece-me infantil imaginar que com base nas posições defendidas aqui se pode deduzir a nacionalidade do comentarista. Pois não se pode não. Eu, por exemplo, além de brasileiro, sou de sangue mestiço, bem mestiço por sinal (português com índio)e nem por isso apoio as patriotadas dos brasileiros. Acho que há muita arrogância do lado de cá do Atlântico e não reconhecimento pelo trabalho civilizatório feito por Portugal nesta terra de gente ingrata (não todos são ingratos, é bem verdade). De qualquer forma, portugueses e brasileiros estão fadados a se desencontrarem. Pelo lado do Brasil, quem ama Portugal são geralmente os de direita (os esquerdistas apreciam é o Terceiro Mundo). Pelo lado de Portugal, os de direita ignoram o Brasil, enquanto que o "povão" e a esquerda têm um olhar simpático para nós (também lá, o que os esquerdistas apreciam é o Terceiro Mundo...).

Isa disse...

Acho que a última contagem diz que os brasileiros são 180 milhões.

A diferença entre esquerda e direita é cada vez mais ténue, com a mania que agora se tem de se ser hipocritamente politicamente correcto. Eu diria é que só se pode emitir uma opinião que seja a da maioria. Porque quando não, acabou-se a liberdade de expressão.

Cá eu continuo a ser de direita e a gostar muito de muitas coisas nos brasileiros e no Brasil.

Para o bem e para o mal somos bem diferentes, independentemente das coisas bonitas que se dizem de país irmão e mais não sei quê.

E continuo na minha: acordo ortográfico para quê? Somos diferentes, seremos sempre e porque não se há-de manter essa diferença, também nas variantes do PORTUGUÊS?

Faz falta a muitos brasileiros darem cá um salto para verem com os próprios olhos quem são os portugueses, em vez de se insurgirem com tão pouco. Fica-vos mal essa arrogância.

E já agora faz falta a muitos portugueses darem um saltinho até ao outro lado do Atlântico a ver se se contagiam pelo menos um pouco, com a boa disposição permanente desses carinhas de samba na Alma e alegria no falar cantado do brasileiro mais puro, seja ele de que estado for.

E não estou a ser de todo hipocritamente politicamente correcta.

Isa disse...

E mais, aqui ninguém tem quaisquer complexos imperialistas. Pelos vistos quem os tem são alguns de vocês. E temos pena que reneguem dessa maneira a vossa história. Nós não renegamos a nossa. Vivemos com ela e andamos para a frente.

Lentamente, mas cá vamos andando!

Anónimo disse...

"...a boa disposição permanente desses carinhas de samba na Alma e alegria no falar cantado do brasileiro mais puro."
Podem rir, eu também ri. Mas no fundo é triste.

Anónimo disse...

Dos duzentos e tantos milhoes de lusofonos do mundo, os irmaos brasileiros sao uns 180 milhoes. O Portugues e' a terceira lingua mais falada no ocidente. Advinhem por que? Enxerguemo-nos. Sao eles, os brasileiros, que determinam o que e' a lingua portuguesa no mundo, hoje. Ponto.

olifante disse...

Como português nado e criado em Portugal, rejeito vigorosamente a posição do António Viriato, que para além de insultar gratuitamente 200 milhões de brasileiros se faz depois de virgem inocente.

Quanto ao acordo, venha ele! Só lamento que seja tão pouco ambicioso, pois as deficiências das convenções ortográficas tanto portuguesas como brasileiras são mais do que muitas.

Quanto à etimologia, para mim não tem qualquer lugar numa ortografia moderna.

Anónimo disse...

Uma coisa é certa, nao irei mudar a minha forma de escrever dado que escrevo de forma correcta (ou correta para os menos correctos).
A lingua portuguesa é oriunda, como o nome indica, de Portugal, logo se há alguem que a deve alterar não serão os portugueses.
Se de facto (e não de fato) este acordo entrar em vigor o que iremos dizer aos resto do mundo? Teremos de anunciar que a lingua portuguesa deixou de existir e que passou a chamar-se lingua brasileira. E já agora, quem é que aprovou tal acordo que irá lesar o patrimonio cultural de uma das mais antigas nações do mundo? De qualquer forma uma atitude de tal natureza só poderá ser aprovda após um referendo, e como tal nunca será legal, e consequentemente nao terá qualquer validade em termos oficiais.
Como nota final temos de destacar a atitude do povo galego, que considera a sua lingua oficial o portugues (e nao o brasileiro) e no meio disto tudo não foram tidos em conta.
Um bem haja a todos os bem falantes da lingua de camões (e não de um qualquer escritor que nao domina o idioma e como tal escreve de forma "incorreta").