outubro 23, 2004

Acordo Ortográfico, 2. Uma precisão.

Carlos Alberto Xavier, o assessor especial do ministro da Educação, referiu-se, nas suas declarações sobre o Acordo Ortográfico, a casos específicos do português de Portugal e do Brasil. Entre outros exemplos, este:
«Para facilitar a cooperação na África e no Timor, por exemplo, é fundamental essa ‘universalização’. Não dá para uma professora dizer ‘dictado’, seguindo um livro de Portugal e ‘ditado’ quando utilizar um livro do Brasil.»
Não é verdade. No português de Portugal escreve-se «ditado» e não «dictado».

6 comentários:

Anónimo disse...

Eis como um suposto especialista debita tal dislate, que revela profundo desconhecimento da norma ortográfica portuguesa, que deveria ser também a brasileira, porque para isso levou a assinatura conjunta da comissão científica luso-brasileira que a elaborou em 1945.

Só não entrou, então, em vigor no Brasil, por oposição política do Governo ou do Senado que lhe dão deram a homologação final. De resto, os especialistas, estes sim, de ambos os países cooperaram para a unificação ortográfica, com cedências mútuas e final entendimento.

Tal como em 1945, todos os membros da comissão científica alargada de 1990, com a inclusão dos representantes dos países de língua oficial potuguesa, aprovaram e assinaram o Acordo.

Portugal, o Governo de então, promulgou o novo Acordo, que deveria ter entrado em vigor em 1994.

O Brasil, a sua instância política, de novo não o fez e assim continuamos com duas versões ortográficas do Português, facto singular de uma língua culta, com todos os inconvenientes que daí resultam.

E não me parece que seja com assessores deste quilate que o actual Governo brasileiro fique mais elucidado do problema.

Augustus

Anónimo disse...

Proclama Augustus, com seu apropriado nome imperial, que a norma ortográfica portuguesa "deveria ser também a brasileira". Deveria, uma pinóia. A ortografia brasileira é adequada à língua aqui falada por mais gente do que a lusofonia conseguiria arrebanhar em três séculos nas suas outras plaguinhas periféricas. Pode ser que tenha mesmo chegado a hora de gastar uma fortuna para alinhar nossos cezinhos mudos e outras besteiras - não estou tão convencido disso, mas vá lá. No entanto, assessor imbecil à parte, exigimos mais respeito.

Anónimo disse...

Pois podem exigir mais respeito, mas quem merece respeito é apenas quem se dá ao respeito. E que tal se em vez de exigirmos respeito exigissemos elevação na discução.
Que comentário é este acerca da escrita se adaptar à lingua falada? Isso quer dizer que se escreve no Nordeste diferentemente do que se escreve em Santa Catarina? Ou que se deveria escrever baca no Porto e vaca em Lisboa?
Ao menos pensem nno que escrevem.
Fernando Frazão

Anónimo disse...

E quem falou que a escrita deve "se adaptar à língua falada", ô gênio? A ortografia emana, como uma espécie de superestrutura legal, um verniz (daí sua importância apenas superficial, e a possibilidade de alterá-la por meio de lei, coisa que seria impensável nos planos semântico, sintático etc.), da língua praticada, isso sim - seja ela falada, escrita, pensada, sonhada.
Esses caras são muito engraçados. Sabem nada e vêm posar de autoridades.
Noel

Anónimo disse...

Mas que polêmica provinciana!Digna da gente. No dia que Portugal e Brasil de fato (é fato, tá?)estejam trocando idéias e não farpas (diplomáticas e culturais), vivendo os mesmos sonhos, curtindo os mesmos sabores, e que o banzo brasileiro unido ao sebastianismo português desapareçam das rotas de navegação, talvez aí sim valha a pena mergulhar nesse tema. Até lá, que cada um fique com sua ortografia, sonho, calor, tristeza e sobretudo, cultura. Quanta bobagem!
Ilidio Soares

Anónimo disse...

Quem é que escreveu "A ortografia brasileira é adequada à língua aqui falada"
E para manter o nível:

Ô Noel, génio uma pinoia...

Fernando Frazão