outubro 29, 2004

E, por isso mesmo...

E, mesmo em Fernando de Noronha, dá para assinalar que o Gávea se antecipou largamente aos «segundos cadernos» da Folha, do Globo e do Estadão do fim-de-semana passado, que chamavam a atenção para a publicação dos dois volumes de O Continente, de Erico Verissimo, que era o grande destaque das suas primeiras páginas. O Gávea já tinha assinalado o acontecimento há uns dias...

Apesar disso...

Mas, apesar de Fernando de Noronha ficar um bocadinho distante de quase tudo, gostaria de chamar a atenção para os comentários ao post «Acordo Ortográfico»; vê-se que a polémica promete continuar ou pelo menos agudizar-se. Contra ou a favor de um acordo ortográfico da língua portuguesa?

Já de regresso



O Gávea está aqui em peregrinação mas volta já ao quartel-general, carregado de literatura e de novidades. Morram de inveja, canibais!

outubro 23, 2004

Links, blogs, autores, sebos

A partir de hoje, o Gávea conta com uma lista de blogs do Brasil. Está aí, na coluna da direita, ao fundo. Agradecemos sugestões e envio de links; como habitualmente, um selecção de links estará sempre em movimento.

De igual modo, foram acrescentados alguns links de escritores e outros sites, e também uma secção de sebos (alfarrabistas, para leitores portugueses). Evidentemente que encontrar sebos online é quase contraditório. Para uma lista pormenorizada de sebos brasileiros, veja-se esta lista, que é de grande ajuda para várias cidades do Brasil.

Fabio Danesi Rossi



O livro é Todas as Festas Felizes Demais (edição Barracuda), de Fabio Danesi Rossi: 34 contos curtos e extra-curtos, para ler rápido. Vorazes, as histórias devoram-nos. Quod erat demonstrandum. Etc., etc.

Fabio Danesi Rossi nasceu em São Paulo em 1974. Estudou Marketing e colaborou na Folha de S. Paulo. Mantém um blog, o FDR.

Licencioso

«Não existe bom escritor brasileiro; se existisse, escreveria diretamente em inglês (literatura é um costume anglo-saxão imitado por outros povos com variados graus de incompetência) para vender seus livros num mercado digno do nome e ser lido por gente com cérebro homeotérmico. Não sei de nenhum, no Brasil, capaz de fazê-lo - mesmo entre os melhores, que sabem das coisas. O português brasileiro é um idioma insalubre: o lugar onde melhor é falado é o Maranhão, e o pior, São Paulo. Usá-lo corretamente pode causar desnutrição, barriga-d'água e cisticercose.» Contos Licenciosos.

Oswald de Andrade

Oswald de Andrade morreu a 22 de Outubro de 1954. São Paulo assinala. O Gávea tratou há tempos o Manifesto Antropófago e o próprio Oswald.

Acordo Ortográfico, 2. Uma precisão.

Carlos Alberto Xavier, o assessor especial do ministro da Educação, referiu-se, nas suas declarações sobre o Acordo Ortográfico, a casos específicos do português de Portugal e do Brasil. Entre outros exemplos, este:
«Para facilitar a cooperação na África e no Timor, por exemplo, é fundamental essa ‘universalização’. Não dá para uma professora dizer ‘dictado’, seguindo um livro de Portugal e ‘ditado’ quando utilizar um livro do Brasil.»
Não é verdade. No português de Portugal escreve-se «ditado» e não «dictado».

Acordo Ortográfico

Brasil espera que Portugal e Cabo Verde ratifiquem acordo ortográfico da língua portuguesa.
«São 21 as bases de mudanças na ortografia da língua portuguesa. Com a reforma, o trema deixará de existir, a não ser em nomes próprios e seus derivados. O alfabeto passará a ter 26 letras, pois incluirá k, y e w. O h inicial e final das palavras também sofrerá alteração e permanecerão com ele apenas as palavras indicadas pela etimologia, por exemplo: homem, que vem do latim, homini.
Segundo nota divulgada pelo Itamaraty, "estima-se que a entrada em vigor do Acordo Ortográfico poderá evitar o grande custo de produção de diferentes versões de dicionários e livros em geral. Será também mais fácil estabelecer critérios unificados para todos os países de língua portuguesa, com relação a exames e certificações comuns de proficiência de português para estrangeiros".»

outubro 19, 2004

O Brasil por Joel Silveira


«É noite e São Paulo rico está resumido ali na pista do Jequiti-Bar. Durante o dia, as mulheres fizeram coisas inúteis: acordaram tarde, almoçaram em bloco, jogaram pife-pafe, compraram a revista Sombra, tomaram chá na Livraria Jaraguá, jantaram na Papote e falaram das amigas.
Os homens ganharam dinheiro. Alguns não fizeram muito esforço para isso: apenas assinaram alguns papéis. Outros estiveram nas fábricas, conversaram com o gerente, telefonaram para o Rio. À tarde foram ao Automóvel Club, um lugar triste como um cemitério. Perderam algum dinheiro em jogos inocentes; mas o que perderam nem chega a representar uma humilde fração dos lucros que conquistaram durante o dia.»

Este é um trecho de A Milésima Segunda Noite da Avenida Paulista, de Joel Silveira (nasceu em 1918), «o jornalista que cobriu fatos que marcaram a vida política do país e, no Rio de Janeiro, conviveu com artistas e intelectuais como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga». Em A Milésima Segunda Noite da Avenida Paulista, o tema é São Paulo -- mas vai ser lançado na próxima semana A Feijoada que Derrubou o Governo, mais textos dispersos de Joel Silveira sobre o Brasil (edição da Companhia das Letras).

Blog da Júlia, Nove de Copas

Vale a pena visitar o blog Nove de Copas ; Júlia escreve com uma lentidão melancólica, cheia de poeira:
«me deu tanta vontade de te responder. eu me lembro dessa conversa sobre a calça de lycra como num sonho. talvez tenha sido de noite. eu e o ... nos encontrávamos muito à noite. era sempre assim, de noite era mais leve, era cheio de festa. não era boemia, era vida noturna mesmo.
fico pensando no que eu era antes. coisas que estão gravadas aqui. coisas que você escreve no blog e que eu queria ter tido para uma amiga que agora lê petrarca. tudo se encaixa. tenho um conto que ainda não existe e vivo sempre como um eco. os anos passados, as alegrias seguintes.
e nossos encontros. fora da página também é bonito.»

Letícia


Em Portugal teve algum sucesso A Casa das Sete Mulheres (edição brasileira na Record, edição portuguesa na Ambar -- além da série televisiva da Globo, que passou na Sic em Portugal). Para os interessados no género, aqui fica a capa de Um Farol no Pampa, de Letícia Wierzchowski, ainda sem edição portuguesa (publicado pela Record)

Alberto Mussa



Foi destaque na edição de sábado de O Globo (segundo caderno, link não disponível): é o novo livro de Alberto Mussa, O Enigma de Qal (edição Record), que encena «a busca fictícia da solução de um famoso enigma da cultura árabe», e roda em torno do poeta al-Gatash:
«Era o estímulo para uma exegese alegórica. Spíridon analisou a cena: três pessoas em três cruzes, cada cruz com quatro extremos -- 3, 3 e 4: portanto, um triângulo iósceles de perímetro 10 e de altura menor que a bae -- signo da natureza humana. Altura menor que a base indica maior propensão à terra que ao céu. O valor do perímetro, 10, é o dobro de 5 -- que são os extremos do corpo físico. A qualidade de isósceles, ou seja, a de possuir dois lados iguais, representa o equilíbrio do Bem e do Mal.»
Alberto Mussa nasceu no Rio de Janeiro em 1961. Estudou Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro e foi professor. Livros anteriores: Elegbara (Revan, 1997), O Trono da Rainha Jinga (Nova Fronteira, 1999, que foi prémio da Biblioteca Nacional)

Mais, muito mais Millôr


O Tiago Luís dá uma dica aos fanáticos de Millôr Fernandes:
«Há uma página que tem vários textos do nosso velhote. Para consultar a maior parte tem que ser assinante, excepto o Daily Millôr (na coluna do lado esquerdo) onde se podem ler quase duzentos textos.»
Obrigado, Tiago; continuamos à espera de mais sugestões.

outubro 16, 2004

Na Academia, corando

Terminou em beleza o «passatempo Luana Piovani» aberto pelo Gávea. Ao vigésimo segundo email (e mais uma dezena de comentários), uma leitora acertou no nome da escritora portuguesa. Infelizmente, a resposta chegou uns minutos depois de encerrarmos o passatempo. Nada de prémios e a Academia continua em Copacabana.

Meg

A excelente Meg Guimarães, do Sub Rosa corrige-nos, e ainda bem. Foi uma distracção, digamos, fatal: o título da biografia de Nelson Rodrigues, por Ruy Castro, leva o título de O Anjo Pornográfico e não Flor de Obsessão, naturalmente. Flor de Obsessão é o título do livro que reúne extractos da obra de Nelson. Ambos os livros foram publicados pela Companhia das Letras. O post em que tínhamos errado está lá em baixo, muito em baixo -- é o segundo da vida do Gávea. Desculpa o atraso, Meg.

Cosac Naify

A sempre atenta Cristina Fernandes, do blog português Janela Indiscreta recomenda mais um link para a coluna das editoras, ali em baixo, à direita: o da Cosac Naify. A ter em atenção a qualidade gráfica dos seus livros.

O Gávea em italiano

Rosella Pristerà mantém um blog, em Itália, onde traduziu a nossa referência ao manifesto antropofágico de Oswald de Andrade. O blog de Rosella chama-se Diario di Bottega.

História


Com Paulo Mendes Campos, Hélio Pellegrino e Otto Lara Resende. Os quatro mineiros que viraram mito.

Entretanto, fica aqui o site exclusivamente dedicado à vida & obra de Sabino.

«No fim tudo dá certo. Se não deu, é porque ainda não chegou ao fim.»

Leituras


Ler as crónicas de Paulo Roberto Pires, «O Encontro Adiado», e de Sérgio Rodrigues, «Um Mestre sem Imaginação».

Fernando Sabino por Zuenir, hoje


Zuenir Ventura, mineiro, escreve hoje em O Globo, sobre Fernando Sabino, mineiro.
«Nunca acompanhei um enterro como o de Fernando Sabino. Acho que foi como ele queria. Os amigos conversavam, riam, contavam histórias e não iam embora, apesar do forte mormaço. Foi o mais demorado que se tem memória. “Se colocarem um copo de cerveja em cima do túmulo, ninguém mais sai daqui”, comentou o deputado Miro Teixeira, marido de Leonora, filha de Fernando. O ponto alto (já ia escrever “da festa”) foi a Ramblers Traditional Jazz Band tocando músicas como nos funerais negros de Nova Orleans. O cronista deve ter gostado. Claro que teria preferido participar da apresentação tocando bateria, como fizera um ano antes quando reuniu alguns amigos para comemorar o seu 80.º aniversário.
[…] Vi muita gente rir chorando. Verónica entre lágrimas se lembrava rindo da última vez que estivemos com seu pai no bar da Livraria da Travessa, não faz muito tempo. Com uma boa platéia na mesa, Fernando estava especialmente engraçado. Como no enterro, não queria deixar ninguém ir embora. Quando alguém ameaçava se levantar, ele perguntava: “Vai fazer um discurso?” E não parava de contar histórias: “Espera aí, ouve só a última do mineiro.” Eram as minhas preferidas, porque ele conhecia a alma de seu povo como a dele próprio.
Dizia que mineiro é tão cauteloso e desconfiado que não gosta de revelar nem a identidade.
– Qual é o seu nome todos? – pergunta o carioca.
– Diz a parte que você sabe – desconversa o mineiro.
Nessa outra, o escritor conta o diálogo com um motorista mineiro em Nova York:
– Ah, você também é de Minas?
– Sou, sim sinhô.
– De onde?
– De Minas mesmo.
Se consegue esconder de onde é, imagina quando lhe pedem uma opinião política.
– Que tal é o prefeito daqui?
– O prefeito? É tal qual eles falam dele.
– E o que é que eles falam dele?
– Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo o que é prefeito.
Minas vai peder muito de sua graça sem as última do Fernando Sabino.»

outubro 15, 2004

Sabino, Adeus


Quem nunca riu de verdade com os textos de Deixa o Alfredo Falar! não sabe o que perde. Fernando Sabino, um grande amigo de Portugal, morreu no passado dia 10. A sua biografia está neste link.

«Quando eu era menino, os mais velhos perguntavam: o que você quer ser quando crescer? Hoje não perguntam mais. Se perguntassem, eu diria que quero ser menino.»


Livros principais e a ler:
O Homem Nu, A Mulher do Vizinho, Deixa o Alfredo Falar!, O Encontro das Águas, O Grande Mentecapto, Cartas Perto do Coração (Correspondência com Clarice Lispector), A Volta por cima.

Era um magnífico cronista.

Milton Hatoum na Antena Um (rima e tudo...)



Informação para os leitores portugueses do Gávea: este fim de semana, à meia-noite de domingo (de domingo para segunda, portanto), Milton Hatoum é entrevistado no programa «Escrita em Dia», da Antena Um. Milton é o autor de Relatos de um Certo Oriente e de Dois Irmãos (Companhia das Letras, no Brasil; Cotovia, em Portugal). O próximo livro de Milton Hatoum sairá em 2005 e o cenário é, mais uma vez, a Amazónia e o mundo dos libaneses de Manaus.

A entrevista é repetida às 23:59 de segunda-feira na RDP África, e às 21:05 de quarta-feira na RDP Internacional (horas de Lisboa).

Cafajeste

Atenção ao blog português O Cafajeste, onde há muitos textos de autores brasileiros (e comentários sobre futebol brasileiro também) -- ele é fanático de Luis Fernando Verissimo. E é para ele que anunciamos a entrada do link sobre Millôr Fernandes na coluna da direita.

Zuenir

Está quase terminado o volume das memórias de Zuenir Ventura (ver link na coluna aí abaixo), nomeadamente sobre os seus 50 anos de jornalismo. Zuenir, mais um carioca nascido em Minas, pode ser lido semanalmente no O Globo -- e o livro será publicado em Fevereiro de 2005.

Memórias carioquinhas/2

Uma das canções do disco é o «Samba da Mala»: «Olha essa mulher que no samba entrou, é louca/ Samba mal e quer cantar, mas a voz é pouca…»

Memórias carioquinhas

E pessoais. Acaba de sair um CD com a «trilha sonora» do bar Bip Bip, um barzinho estacionado no centro de Copacabana, na Rua Almirante Gonçalves – tudo cheio de sambas e violões (vilões também…). O Bip Bip completa 35 anos «a serviço do porre e da amizade», coisas boas, e no CD há músicas com Renato Partideiro, Marcos China, Nize Carvalho (olha que boa voz…), Wilson Moreira, Aldir Blanc, Cristina Buarque, Nelson Sargento, Paulo César Pinheiro – e o cavaquinho impressionante de Wanderson Martins. Tudo isto, depois do livro sobre o bar, Bip Bip, um Bar a Serviço da Alegria (escrito e organizado por Marceu Vieira, Luiz Pimentel e Francisco Genu).

Verissimo, pai


Também na Companhia das Letras: continua a reeditar-se a obra completa de Erico Verissimo. Pessoalmente, Verissimo foi uma boa companhia da minha adolescência, sobretudo com Olhai os Lírios do Campo e as páginas de O Tempo e o Vento. Agora, estão aqui os dois volumes de O Continente, a história da formação do Rio Grande do Sul moderno (e federalista) diante de um Brasil distante.

Olha os gregos!


Eu acho bom esse modo de tratar os clássicos. Ruth Rocha já tinha abordado a Odisseia e lança-se agora na Ilíada, com Eduardo Rocha. Além da versão do original, há ainda ilustrações, mapas e notas explicativas. A edição é da Companhia das Letras.

outubro 12, 2004

Dalton Trevisan, o vampiro de Curitiba

Aproveitando o feriadão brasileiro, recomendamos Dalton Trevisan. Em breve, mais textos deste autor. Por agora fica este, para abrir o apetite.
«– Depois te beijava da ponta do cabelo até a unha encarnada do pé. Cada pedacinho escondido de teu corpo. Afastava essa coxa branquinha de arroz lavado em sete águas. E me perdia no teu abismo de grandes lábios rosa.
Agora a mãozinha quente e molhada.
– Sou homem de certa idade. Com a minha vivência faria você sentir prazer até no terceiro dedinho do pé esquerdo. De tanto gozo sairia flutuando pela janela sobre os telhados da Praça Tiradentes. […] Quer experimentar hoje?
– Próxima vez eu resolvo.
– Por que não agora? Já está aqui. Tão fácil. Até chovendo. Mais aconchegante.
– Hoje não.
– Você é que sabe. Só não creio na tua frieza. Tudo me diz que é moça fogosa. Essa boca vermelha e carnuda. É de quem gosta. Mais uma coisa, anjo, enquanto eu falava, o teu narizinho abria e fechava…»
Dalton Trevisan, Continhos Galantes
[edição L&PM]

outubro 09, 2004

Bernardo Carvalho na Antena Um

Para os nossos leitores portugueses: este fim de semana, à meia-noite de domingo (de domingo para segunda, portanto), Bernardo Carvalho é entrevistado no programa «Escrita em Dia», da Antena Um.

A entrevista é repetida às 23:59 de segunda-feira na RDP África, e às 21:05 de quarta-feira na RDP Internacional (horas de Lisboa).

Mais links

Marcelo Firpo sugere alguns links para o Gávea. Durante a semana iremos tratar deles; fica, para já, o da Livros do Mal, uma editora independente gaúcha, Rio Grande do Sul. Obrigado, Marcelo.

outubro 07, 2004

Mais autores no Gávea

Foram adicionados mais links na secção «Escritores» (coluna à direita, em baixo): desta vez, Ronald de Carvalho, José Lins do Rêgo, Alcântara Machado, Cruz e Sousa, Graciliano Ramos, Gonçalves Dias, Manuel Antônio de Almeida e Lima Barreto. Foi também aumentada a lista de sites com livros on line, de onde se podem fazer downloads de clássicos portugueses a brasileiros, de Os Lusíadas às Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Manifesto Antropófago



«A revista de antropofagia não tem orientação ou pensamento de espécie alguma:só tem estômago.»



«Não fazemos crítica literária. Intriga, sim!»


A pubicação do Manifesto Antropófago é um momento crucial da literatura e da cultura brasileiras. Foi publicado no primeiro número da Revista de Antropofagia, em Maio de 1928, e assinado, por Oswald de Andrade «em Piratininga, Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha».
A ideia base: «Alimentar-se de tudo o que o estrangeiro traz para o Brasil, sugar-lhe todas as idéias e uni-las às brasileiras, realizando assim uma produção artística e cultural rica, criativa, única e própria. Era preciso desvincular-se de laços passados, como o simbolismo, ainda fortemente presente naquela época.» O Manifesto Antropófago", de 1928, é a resposta do escritor Oswald de Andrade às questões postas pela Semana de Arte Moderna (1922). Para ele, a renovação da arte brasileira nasceria da retomada dos valores indígenas. A iniciativa não era inédita. Após a Independência, o romantismo já havia usado esse «índio mitológico» para construir uma identidade nacional, oposta à dos europeus.
Oswald retoma essa temática, mas rejeita a xenofobia de outros modernistas. A civilização europeia não deveria ser rejeitada, mas sim absorvida. A antropofagia é o símbolo dessa tese: o europeu deve ser devorado.
[Ver também Semana de Arte Moderna de 1922.]

Excerto do Manifesto:
«Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupi, or not tupi that is the question.
Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.
Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.
[…]
Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará.
Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós.
Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro empréstimo, para ganhar comissão. O rei-analfabeto dissera-lhe: ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia.
O espírito recusa-se a conceber o espírito sem o corpo. O antropomorfismo. Necessidade da vacina antropofágica. Para o equilíbrio contra as religiões de meridiano. E as inquisições exteriores.
[…]
A luta entre o que se chamaria Incriado e a Criatura - ilustrada pela contradição permanente do homem e o seu Tabu. O amor cotidiano e o modusvivendi capitalista. Antropofagia. Absorção do inimigo sacro. Para transformá-lo em totem. A humana aventura. A terrena finalidade. Porém, só as puras elites conseguiram realizar a antropofagia carnal, que traz em si o mais alto sentido da vida e evita todos os males identificados por Freud, males catequistas. O que se dá não é uma sublimação do instinto sexual. É a escala termométrica do instinto antropofágico. De carnal, ele se torna eletivo e cria a amizade. Afetivo, o amor. Especulativo, a ciência. Desvia-se e transfere-se. Chegamos ao aviltamento. A baixa antropofagia aglomerada nos pecados de catecismo - a inveja, a usura, a calúnia, o assassinato. Peste dos chamados povos cultos e cristianizados, é contra ela que estamos agindo. Antropófagos.
Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema, - o patriarca João Ramalho fundador de São Paulo.
A nossa independência ainda não foi proclamada. Frape típica de D. João VI: - Meu filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da Fonte.
Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud - a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama.»

Texto integral pode ser lido aqui.

Oswald de Andrade


Adicionado link sobre Oswald de Andrade, o antropófago.

Erro de português

Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português


Oswald de Andrade nasceu a 11 de janeiro de 1890 e é um dos mais significativos autores modernistas da literatura brasileira. Participou da Semana de Arte Moderna, editou o jornal O Homem do Povo e ajudou a fundar O Pirralho e a Revista Antropofágica. É de sua autoria o Manifesto Antropófago de 1928. Morreu em São Paulo a 22 de Outubro de 1954. Biografia neste link.

outubro 06, 2004

Paulinho Assunção, Kafka, Belo Horizonte, Joyce, abelhas

Recordações do outro, mais antigo, blog de Paulinho Assunção, o Kafka em Belo Horizonte, ou A Volta de Kafka em Belo Horizonte, para sermos mais precisos:
«Anteontem, Kafka, ao ver o verde-água das flores das jabuticabeiras, flores com tornados e furacões de abelhas em festa e revôos, as abelhas em saudações e reverências, abelhas orquestrais, abelhas nubentes com seus revôos de vésperas de frutos, pensei na moça que Vicente Gunz chama Cristina do Porto, a moça que também dá bons-dias e boas-tardes às florações das árvores portuguesas. Era manhã de fins de julho nos altiplanos do Alto do Paranaíba, lá onde nasceu João Serenus, lá onde os sanhaços vivem de namoro com as laranjeiras.»

«James Joyce nos visitou hoje na varanda da Rua Paraíba. Trazia um cachecol listrado, um chapéu com fitas verdes e ocupou o banquinho de sempre, um banco que fica ao sul da varanda e que dá para o jardim, quase rente ao canteiro de begônias cultivado pela Mulher da Aura Azul. Éramos seis, logo no começo da tarde. A todo instante João Serenus chamava Joyce para uma partida de truco. Joyce ria e solfejava velhas canções dublinenses. Murilo Rubião, no banquinho ao norte, admirava a coleção de borboletas-tigre de Vicente Gunz. A tarde caminhava de chinelos, preguiçosa e sem pátria, tarde de azuis cosmogônicos, fundos e profundos azuis da América do Sul. Tínhamos numerosas palavras leves, palavras-algodoais, no coração. E foi então que o Joyce, logo seguido por Lucas Baldus e, depois, por todos nós, decidiu cantarolar a quinta bachiana do Villa-Lobos.»

Blogs e sebos


Quantas vezes não passamos à porta dos sebos (alfarrabistas) e vemos essas colecções passadas pela poeira, pela humidade, pelo tempo? A mim, apetece-me levá-las para casa, folhear alguns dos livros, oferecer outros. No Alexandrinas há uma dessas evocações:
«Hoje passei num sebo aqui perto de casa e encontrei muitos volumes daquela coleção, publicada provavelmente lá pelos anos 70, dos ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura.
Você já deve ter visto; pelo menos aqui em São Paulo qualquer sebo tem. A capa às vezes é acobreada, às vezes branca, dependendo da edição. Um volume para cada ganhador do prêmio, um ou dois livros por volume. Bonitinha, gravações douradas na lombada, capa macia. Aquilo que se costumava chamar de "edição luxuosa" numa época em que isso não era tão comum.
A julgar pelas pencas de volumes disponíveis nos sebos de hoje, eles devem ter sido muito vendidos em seu tempo. Mesmo caros como suponho que eram.
Impossível não sorrir imaginando o público-alvo da série. Armandinho, o pequeno-burguês brasileiro de todas as épocas, que quer ter cultura e se familiarizar com a alta literatura de seu tempo. Não que ele próprio tenha muita consciência desse desejo, mas os publicitários e editores têm, e volta e meia atingem em cheio o coração de Armandinho com alguma nova surpresa.»

Caio Fernando Abreu

Depois de ter mencionado Caio Fernando Abreu (ver texto mais abaixo e reprodução da capa de Onde Andará Dulce Veiga?), deparo com esta nota, publicada no O Crítico Literário:
«Este parece ser o primeiro e último romance de Caio Fernando Abreu. Um jornalista à procura de uma atriz famosa, Dulce Veiga, encontra sua filha, que é uma roqueira. Tem muitos pontos onde poderia-se dizer que o autor sofria de pedantismo intelectual, porém isso não é verdade, considerando que pedantismo é algo de conhecimento burlesco, enquanto Caio Abreu tinha notável erudição. Pelo contrário. O jornalista, personagem principal do livro, é muito culto, gosta de coisas refinadas, e isso transparece em sua narração.
O jornalista vislumbra, na frente do Parque do Ibirapuera, em determinado trecho, uma mulher fazendo o mesmo aceno que Dulce Veiga fazia: colocar o dedo indicador da mão apontando para o céu. Em Aparecida do Norte que supostamente ela está escondida - pois ela fugiu da cidade de São Paulo, para encontrar sua paz. Seria a mulher do Parque a própria Dulce Veiga? Ele fica obsessivo com o gesto dela, e no final do livro ele encontra a paz que julga merecer, justamente em Aparecida do Norte, quando tenta encontrá-la.
Vale a pena ler o livro, é uma história de crise-superação, de certa forma. O jornalista está imensamente estressado, sem dinheiro e tudo mais, e no final encontra a sua paz, que está buscando faz tempo. Ele encontra, no caso, a paz, internamente, dentro de si mesmo, e faz o gesto de Dulce Veiga, apontando o indicador ao céu.»

outubro 05, 2004

Clarice Lispector partilhada

O blog português Leitura Partihada está a comentar e a ler, passo a passo, Clarice Lispector. Uma das suas próximas leituras partilhadas será A Grande Arte, de Rubem Fonseca.

Ainda a Academia Brasileira de Letras. O caso de Adelita.

Vale a pena ler o texto de Auguto Nunes sobre o assunto e sobre o caso de Adelita. Pergunta-se o leitor português: quem é Adelita? Perguntam-se os leitores brasileiros: quem é essa Adelita? Pois, meus amigos, era um general. Leiam:
«Os integrantes da Academia Brasileira de Letras andam audaciosos demais. Ainda há pouco a turma que hoje organiza festas com a presença de colossos femininos (eventualmente sem calcinha, como comprovou a modelo e atriz Luana Piovani) nem sequer admitia a inclusão de escritoras na veneranda Casa de Machado. O primeiro mandamento do clube avisava: homem com homem, mulher com mulher. A mistura de sexos, mesmo naquele templo tão austero, poderia sugerir indícios de promiscuidade.
Isso acabou quando já passava da hora: a ABL revogara pudores havia anos. Na década de 70, por exemplo, atropelara as últimas fronteiras da obscenidade ao conceder uma vaga a Aurélio de Lyra Tavares. Quem é a figura?, perguntarão os mais jovens. Que obras legou à posteridade esse intelectual tão pouco familiar à nação dos desmemoriados?, talvez se interroguem brasileiros de todas as idades.»
O resto do texto está aqui.

outubro 04, 2004

Descobrimos um meio de aparecer no Ibope...



O texto «Luana, Marmelo, Academia Brasileira de Letras» aumentou consideravelmente as nossas visitas e, ao mesmo tempo, a taxa de ocupação da caixa de correio. Informamos que ainda não há respostas certas para a pergunta que deixámos aí em baixo.

Na foto, Luana Piovani (que já foi musa inspiradora e obsessão de Luis Fernando Verissimo), sentada na Academia Brasileira de Letras, olhando para o busto de Machado de Assis. O cavalheiro ao lado não é
Austregésilo de Athayde, antigo presidente da Academia, mas sim o namorado.

Paulo Francis e Ênio Silveira

Paulo Roberto Pires, que foi editor da Planeta (Brasil) escreve um texto sobre dois nomes que marcaram a vida intelectual brasileira, Paulo Francis e Ênio Silveira.
«A posteridade foi infinitamente mais cruel com Francis, que virou a caricatura do reacionário em tempos politicamente corretos e, pior ainda, passou a ser idolatrado por isso. Dezenas de subarticulistas o elegem santo padroeiro para escorar vacilações intelectuais e agressividade verbal, sem levar em conta que o Paulo Francis a que tanto exaltam não foi um personagem dado e acabado, mas o resultado de um percurso intelectual rico e conturbado que seus admiradores de hoje certamente não teriam a mesma coragem em percorrer, bons fiscais de obras prontas que são.
Ênio Silveira é referido, muitas vezes, como o modelo do editor "romântico", uma espécie de doce anacronismo na tubaronagem do negócio editorial globalizado. É aquele nome que se homenageia com condescendência, minimizando quase sempre sua real contundência política e sua efetividade como empresário, sempre mobilizado em encontrar novas soluções para um produto cada vez mais difícil de vender como o livro. E, na maior parte das vezes, é minimizado que sua ousadia não se restringia à ideologia, muito pelo contrário, mas na possibilidade de apostar no novo, esta ainda existente mesmo em momentos de pragmatismo agudo.»
Todo o texto no No Mínimo.

Verissimo & Rubem

Mas se pensam que o Jorge Marmelo é um escritor fescenino e libidinoso que apenas presta atenção às belas letras brasileiras quando ocorrem acontecimentos piovanianos, desiludam-se. O Jorge é um dos portugueses mais atentos e informados sobre literatura brasileira. Justamente, chamou a atenção do Gávea para a publicação, no Portal Literal, do primeiro conto de Rubem Fonseca e da primeira crónica de Luis Fernando Verissimo. Obrigado, Jorge.

Luana, Marmelo, Academia Brasileira de Letras


O Jorge Marmelo, no seu blog Apenas Um Pouco Tarde, descobriu que o Gávea estava de férias quando viu que não nos tínhamos referido ao magnífico momento em que Luana Piovani entrou na Academia Brasileira de Letras e, num cruzar-descruzar das pernas, mostrou aos fotógrafos (e ao sereno e literário busto de Machado de Assis, patrono dos patronos) que não usava calcinha nessa tarde. Bom, sabendo que a Piovani não é um modelo de inteligência literária, mas, supondo que não estivesse a mascar chiclete, não podemos senão congratular-nos com a graça do momento. Levantai-vos, académicos! Esqueçam os erros ortográficos da Piovani!

Já agora: Luana Piovani não foi a única presença feminina a ter chocado (chocou?) o augusto busto de Machado de Assis na ABL. Há anos, uma escritora portuguesa foi também protagonista de um momento de evanescência tropical. Cederemos a password do blog a quem acertar.

Primavera dos Livros em São Paulo

A Primavera dos Livros paulista (no Rio de Janeiro decorreu no Jockey Club, bem perto da Gávea, justamente...) vai ter lugar entre 5 e 7 de Novembro, no Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1000). Abre às 10:00 da manhã e fecha às 23:00 horas.

Nelson Motta, mais um noir


Depois de O Canto da Sereia (Um Noir Baiano), sua estreia no romance policial com um cenário cheio de música, mães de santo, carnaval, trios eléctricos e Salvador por todo o lado, Nelson Motta avança com um novo noir: trata-se de Bandidos e Mocinhas (edição Objetiva). Assunto para abertura: Lana Leoni é uma actriz sexy e decadente que morre no palco, misteriosamente assassinada durante a encenação de um polêmico sucesso teatral carioca.

Sophia no Brasil


Com selecção de poemas e prefácio de Vilma Arêas, a Companhia das Letras acaba de publicar Poemas Escolhidos, de Sophia de Mello Breyner Andresen. E com uma capa muito bonita e excelentes cuidados gráficos.

Cony em Portugal

Quase Memória, premiado romance de Carlos Heitor Cony sobre a vida de seu pai, será publicado em Portugal pela editora Palavra.

Mais autores no nosso arquivo

O bom Sérgio Oliveira, do Rio de Janeiro (onde prepara o seu doutoramento em Filosofia – além de manter o blog A Jangada de Letras), propõe links para mais três autores brasileiros: Caio Fernando Abreu, Victor Giudice e Paulo Leminski. Obrigado, Sérgio.


Caio Fernando Abreu é um autor a visitar e a revisitar. Pode ler-se o seu Onde Andará Dulce Veiga? (romance, publicado pela Companhia das Letras), Triângulo das Águas (contos, edição Siciliano) ou Estranhos Estrangeiros (mais contos, Companhia das Letras). Caio nasceu em 1948, em Santiago do Boqueirão, no Rio Grande do Sul, e morreu em 1996, em Porto Alegre. Publicou doze livros, vários deles traduzidos para o francês, o inglês, o alemão e o holandês.

Depuração em curso

Via Folha de São Paulo: Governo distribui kit para combater racismo em escola.

Livros na BN

A leitora Luciana Rodrigues recomenda também uma visita ao site da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (link na coluna ao lado), onde existe também a possibilidade de fazer download de livros brasileiros. No entanto, esclarecimento adicional, o site da BN não é muito friendly para browsers que não tenham a chancela Windows, ou seja, que não sejam o Internet Explorer.

Este pequeno texto é uma grande barafunda linguística, eu sei. Browser, friendly, site, etc.

Real Gabinete, uma adenda

Edifícios destes não são de menosprezar; e a verdade é que às vezes são injustamente ignorados. O Real Gabinete, para quem vive no Brasil, é de grande utilidade: tem um arquivo informatizado de cerca de 400 000 títulos e possui a prerrogativa do «depósito legal» português, o que significa que recebe os livros publicados em Portugal. Além disso faz empréstimo de livros.

Real Gabinete, Portugal no Rio


O leitor ECG propõe o link do Real Gabinete Português de Leitura, e faz muito bem. O Real Gabinete é um edifício belíssimo, o seu hall de entrada é fantástico, e a sua biblioteca não é nada menosprezável. Infelizmente, nem sempre tem a atenção que merece.

Imagens da biblioteca e da fachada do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro (Rua Luís de Camões, 30 - Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP: 20051-020. # Telefone: (+ 55 21) 2221-3138 Tel/Fax: (+ 55 21) 2221-2960)

Mais livros online

A Ana Albergaria (que mantém, em Paris, o blog Crónicas Matinais) recomenda outro link para download de livros brasileiros online, o do Terra. Obrigado, Ana. Shalom.

Brasil em Portugal


A rádio portuguesa Antena Um (pode acessar-se neste site) acaba de transmitir uma entrevista com Luiz Antônio Assis Brasil no «Escrita em Dia» (domingos para segunda, à meia-noite); trata-se de uma série de conversas com escritores brasileiros. Na semana passada, foi Moacyr Scliar. Seguem-se, por esta ordem, semana a semana, Bernardo Carvalho (prémio Jabuti deste ano, autor de Mongólia, Aberração, Teatro, etc.), Roberto Pompeu de Toledo (cronista da Veja e autor de São Paulo, Capital da Solidão, edição Objetiva), Milton Hatoum (autor de Relatos de um Certo Oriente e de Dois Irmãos, edição portuguesa na Cotovia), Heloísa Seixas (autora de O Pente de Vénus, Histórias do Amor Assombrado, edição Record, que pode ser lida semanalmente no Jornal do Brasil, na sua coluna «Contos Mínimos»), Sérgio Sant’anna (autor de O Concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro, de Junk Box, de O Monstro”, de Um Crime Delicado e de O Voo da Madrugada, este último publicado em Portugal pela Cotovia), Zuenir Ventura (colunista de O Globo, autor de 1968, o Ano que não Terminou, de Cidade Partida e de Mal Secreto, da Objetiva) e, finalmente, de Luiz-Alfredo Garcia Roza (autor de O Silêncio da Chuva, Achados e Perdidos, Vento Sudoeste ou Uma Janela em Copacabana, publicados no Brasil pela Companhia das Letras e em Portugal pela Gótica). São várias semanas de rádio luso-brasileira.

O «Escrita em Dia» é emitido na Antena Um à meia-noite da madrugada de domingo para segunda; às 23:59 de segunda-feira na RDP África; e às 21:05 de quarta-feira na RDP Internacional (horas de Lisboa).

Regresso

Obrigado pelas mensagens. O Gavea foi esteve de férias durante duas semanas. Regressa para mais páginas de livros.