setembro 17, 2004

Debate no Gávea

Ainda André Murteira, que responde ao desafio lançado por Fernando Frazão há uns dias -- acerca da literatura brasileira actual, e se a actual é inferior à do passado «ou apenas menos conhecida entre nós do que era dantes»:
«Eu não nego o desconhecimento, com o qual perdemos muito; mas, do pouco que sei, parece-me também que o próprio Brasil não reconhece actualmente figuras canónicas comparáveis às que teve o século passado. Corrijam-me se estou errado, mas onde é que lá há hoje poetas vivos com uma reputação comparável à que tiveram, em vida, Drummond ou João Cabral de Melo Neto? Ou romancistas com o estatuto de Guimarães Rosa, também consagrado em vida? Ao contrário do que acontecia no tempo deles, a "opinião estabelecida" no Brasil não parece achar que haja autores brasileiros vivos particularmente geniais. E isso confirma a impressão da sua literatura viver um certo declínio, embora relativo.»

Aguardam-se mais contributos.

3 comentários:

Silvia Chueire disse...

A mim me parece que as gerações vão se construindo no tempo. Os escritores citados , à exceção do Rosa,Drummond e João Cabral faleceram há relativamente pouco tempo. Entronizar outros na mesmo altura deles leva algum tempo. Por outro lado é outra a realidade editorial, creio ( e não sou expert na matéria, apenas leitora) o que faz uma grande diferença. Há as questões de marketing, de mercado ( poesia, dizem, não vende). As mudanças na educação, na cultura. A gama enorme de novos escritores de excelência. Creio que caminhamos todos para uma realidade de um grupo muito maior de ótimos escritores, reconhecidos. E assim os olhos do leitor ficam divididos entre maior número de autores e também os da mídia. Talvez o tempo da canonização esteja a diluir-se. Talvez. Mas sim, ambos os países desconhecem o que está acontecendo com o outro. Então os portugueses não conhecem o Ivan Junqueira, o Manoel de Barros só recentemente,não sabem da Adélia Prado,da Hilda Hilst para (sendo injusta) citar apenas poucos grandes em poesia . Ou do Rubem Fonseca, do Carlos Heitor Cony, Rachel de Queiroz,Lygia Fagundes Telles, prosadores e tantos outros. Para não falar nos mais novos.
E os brasileiros nunca ouviram falar do Vergílio Ferreira por exemplo, para citar um grande. Afora outros poetas e prosadores portugueses formidáveis.Há publicado aqui ao que eu saiba , um (um !)livro do Herberto Helder, uma pequena antologia do Eugénio de Andrade e nenhum ( nem um, senhores!) da Sophia de Mello Bryner Andresen. Devo ter cometido erros ou omissões nesse comentário,perdoem-me, como disse não sou literata, nem da área. Agora encerro aqui.Ou não será um comentário. Obrigada.

Anónimo disse...

Olá, por que não vejo aqui nada sobre a ótima revista Inimigo Rumor? Agora ela é uma publicação Brasil/Portugal, e com ela conhecemos ,entre outros, Adília Lopes.

lao disse...

Por que parou???